quarta-feira, 21 de dezembro de 2011
quarta-feira, 14 de dezembro de 2011
segunda-feira, 12 de dezembro de 2011
As Rosas
Rosas que desabrochais, Como os primeiros amores, Aos suaves resplendores Matinais; Em vão ostentais, em vão, A vossa graça suprema; De pouco vale; é o diadema Da ilusão. Em vão encheis de aroma o ar da tarde; Em vão abris o seio úmido e fresco Do sol nascente aos beijos amorosos; Em vão ornais a fronte à meiga virgem; Em vão, como penhor de puro afeto, Como um elo das almas, Passais do seio amante ao seio amante; Lá bate a hora infausta Em que é força morrer; as folhas lindas Perdem o viço da manhã primeira, As graças e o perfume. Rosas que sois então? – Restos perdidos, Folhas mortas que o tempo esquece, e espalha Brisa do inverno ou mão indiferente. Tal é o vosso destino, Ó filhas da natureza; Em que vos pese à beleza, Pereceis; Mas, não... Se a mão de um poeta Vos cultiva agora, ó rosas, Mais vivas, mais jubilosas, Floresceis.·
Machado de Assis, in 'Crisálidas'
quinta-feira, 8 de dezembro de 2011
E, foi naquela tarde calma e amena que saiu levando na bagagem as saudades em turbilhão que teimavam em confundir-lhe as ideias. De nada valeu tentar abstrair-se: elas sempre fiéis nunca a abandonaram: nem mesmo as crianças que brincavam no parque lhe destronaram o pensamento. Vagueou o olhar pela ramaria das árvores frondosas que ladeavam a avenida, eram plátanos enormes, alguns talvez já centenários com histórias digitadas na casca, algumas até gravadas na própria: dizeres de quem estava a sofrer de amor, corações com a seta do cupido...datas que só o próprio autor das mesmas saberá o que simbolizam.
O vento que sacudia de mansinho os ramos, de quando em vez vinha acariciar-lhe o rosto e agitar-lhe os cabelos...sacudiu a cabeça, para lançar as ideias para longe; somente a cabeleira farta se movimentou... as saudades, essas, continuavam ali, vorazes, firmes, sempre fiéis...